terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Reserva Ecológica do Alcobaça - Patrimônio de Petrópolis

Reserva Ecológica do Alcobaça - Patrimônio de Petrópolis

A Reserva Ecológica do Alcobaça foi criada em 05 de maio de 1989, pelo Decreto nº 97.717, advindo do projeto de autoria do ex-deputado federal Nelson Sabrá. Está situada no 2º Distrito de Petrópolis e ocupa uma área de 2.280.000 m² com altitude que varia aproximadamente entre 825 m e 1.040 m e se estende até os municípios de Magé e Teresópolis. Trata-se de um ecossistema representativo da Mata Atlântica, com trechos de mata primária, encontrando-se atualmente em excelente estado de conservação.
Nas primeiras décadas do século XX, a área da atual reserva fazia parte da Fazenda Alcobaça, de propriedade do empresário José Soares Maciel Filho, dono da Companhia Petropolitana, maior fábrica de tecidos da região. Após a falência da fábrica, a área da antiga fazenda foi vendida em 1982 ao BNH - Banco Nacional de Habitação, que lá pretendia fazer 2.500 unidades habitacionais. O tipo de ocupação pretendida acarretaria, sem dúvida, em séria degradação para os recursos hídricos. Isto levou a comunidade a se organizar para preservar a floresta. Em 1984 foi criada a ADMA - Associação em Defesa dos Mananciais do Alcobaça, que assumiu a responsabilidade pela preservação da floresta e gestão dos recursos hídricos. Os moradores de Cascatinha passaram a se mobilizar e houve até coleta de dinheiro para pagar os guardas que evitavam o desmatamento, as queimadas e ajudavam na conscientização de todos para acabar com o despejo do lixo.
Em 1986, a área foi passada para a Caixa Econômica Federal, por ocasião da extinção do BNH. Ainda nesta época, segundo os moradores da região, sem bombeiros e guardas florestais, foi difícil manter a integridade da reserva. O desmatamento, o fogo e a caça sempre rondavam a área, que só viria a ter seu merecido status oficial de Reserva Ecológica em 1989.
Nelson Sabrá, ex-deputado federal e autor do Projeto que criou a Reserva Ecológica do Alcobaça, destacou a importância fundamental da iniciativa de preservação das nascentes responsáveis pelo abastecimento de água em todo o bairro de Cascatinha. “A reserva possui recursos hídricos em abundância e seus mananciais abastecem Cascatinha há mais de cem anos, sendo até hoje a única fonte de abastecimento para os mais de 10 mil moradores da região”, destacou Sabrá, lembrando que a luta permanente dos moradores de Cascatinha foi, em grande parte, responsável por garantir que ainda hoje a reserva tenha um ecossistema representativo da Mata Atlântica, com trechos de mata primária. “A atuação destacada da ex-vereadora e líder comunitária Wilma Borsato foi fundamental durante todo o processo, pois na ocasião, foi ela quem trouxe, em nome da população de Cascatinha, o pleito para a criação da Reserva Ecológica da Alcobaça”, declarou.
Esses esforços e a mobilização da comunidade foram consolidados em 2005, quando a Caixa Econômica Federal assinou o termo de doação ao IBAMA da Reserva do Alcobaça. Além da preservação de uma área de florestas e mananciais, outro dado importante é que a Reserva do Alcobaça passou a integrar o Parque Nacional Serra dos Órgãos. A proteção do IBAMA representou uma vitória dos moradores da região, que desde os anos 80 lutavam contra a construção de conjuntos habitacionais na área e hoje possuem uma segurança maior quanto aos destinos da área e mais apoio na sua preservação.
Rosiane Borsato, uma das fundadoras da Associação em Defesa dos Mananciais do Alcobaça, juntamente com a mãe Wilma Borsato e Ana Lúcia Sigaud, entre outros moradores de Cascatinha, observa que a atual situação da Reserva Ecológica da Alcobaça foi fruto de um trabalho permanente de mobilização e da união da comunidade em torno de um objetivo comum. “Hoje a reserva faz parte de um contexto maior, não só de Cascatinha, mas de toda a cidade de Petrópolis, pois a preservação do meio ambiente como um todo, a melhoria na qualidade do ar, e também da água, ajudam na qualidade de vida de todos os petropolitanos, não só os moradores da região do 2º distrito. As pessoas da comunidade acreditaram em um sonho, sem nenhum interesse particular ou nenhum viés político específico. A realização desse sonho é visível hoje pela presença constante da própria fauna nativa da região, o que não aconteceria se ela não estivesse plenamente preservada”, observou.

Fonte: Jornal de Cascatinha (14/01/2012)

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